segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Molduras de Vânia. Parte I


Nesse blog darei voz a Vânia, uma garota diferente, de sentidos e apetites exacerbados.
Retiremos as vendas, ela nos aguarda.


" Um pedaço de corrupção, o ardor da volúpia
   Um desabafo entre a fumaça de um paiero,
   E a cretinice que assombra." 
   Vânia. 



O meu nome não fará a minima importância em sua vida, me chame de vadia, puta, marmita, fútil, nenhuma palavra me atingirá como aquele garoto, estranhamente igual a mim; mas antes de qualquer relato direi que sou uma mulher diferente, sinto o mundo de uma forma ausente, tenho um coração canalha e um dor exporádica por ser amada e fazer chorar, mas isso logo passa, sou áspera, uma criadora de vícios sórdidos. Sim, eu queria acreditar que posso ser doce e intensa, mas esse tao aclamado amor nunca me preencheu, sinto-me como um vaso vazio; a cada dia me expando com a ilusão de comportar esse nada, me alimento de fetiches e mentiras, e qualquer intensidade sentimental me cheira invenção.
Sou uma garota de sangue frio, entediada com o cotidiano, uma mulher canalha, um cafajeste em versão feminina, saudemos as boas fodas, tenha uma imagem deturpada de mim, me veja como uma vadia qualquer, pois a verdade é que em alto relevo, revelarei uma vida de quarto escuro, distante da luz do falso moralismo, distante da chata luminosidade da vida.
Estraçalhados os pudores, que sem vergonha despi em palavras, falarei daquele ser que imundou o meu mundo de orgasmos, aquele garoto do começo da história, o garoto do meu primeiro orgasmo. A contentação escorria de mim, os espasmos e as pernas descontroladas, eu queria aquela sensação para sempre, a língua nos lábios, os dedos espertos a precisão, queria eu que o fim novamente desembocasse no meu rosto, ah garoto somos tão parecidos, dois boêmios, poetas e sujos, ponograficamente iguais, mas o que me une a esse ser não é amor, muito menos todo prazer que ele pode me ofertar, eu o temo por ser tão igual, gostar do meu filme favorito, saber de cor minhas canções prediletas, ser senhor no reino das palavras e um maldito louco insasiavel, sei que posso acreditar no seu silencio, mas nem tudo contar, preciso de uma distancia segura para não criar monstros, ele é uma expansão de mim senhoras e senhores, meus gostos mais refinados e meus malogros exacerbados, ele trouxe o que eu a tempos procurava, e assim nossa relação torna-se mais instintos do que qualquer outra coisa, medo e prazer em uma mesma cama, peças iguais não se encaixam bem sei, mas ele fica ótimo dentro de mim, o amante mais improvável, pois nenhum de nós partirá com o suar da palavra amor, em nossos universos isso é algo inexistente. Por que eu tenho tanto medo dele? Bom, tomar um chá com seu demônio interior nunca me pareceu interessante, pergunto-me então quem é você que entrou em mim? Jogando com as mesmas cartas... Que me intima com palavras loucas e olhos de fome, quem é você que deixa cheiro, deixa medo? Mas que ainda assim quero possuir de formas estranhas e envolver como vento? Diga-me maldito a sua verdade! Desliza em mim suas mãos, mas nossos corações são iguais, dois amontoados de pedras! Maldito que com tal fervor me consome! Me posta de quatro tal fêmea no cio, e eu possuída pelo medo e pelo desejo te sugo o segredo da vida.


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