terça-feira, 12 de março de 2013

História de lençóis manchados.


Ele arfava como se tivesse sido salvo de um afogamento, eu sugava seu membro com tamanha volúpia que me sentia possuidora de seu ser. Minha alma estava violada, eu estava sentada nele, sentada no meu medo, sentada no meu vazio. 
Havia tamanha perplexidade naquela ação, um sentimento de bem-estar me possuía, e então eu senti tamanho nojo de tudo aquilo, eu queria me abdicar, eu não queria me perder, maldito seja o acaso que te fez aparecer no meu caminho, desejei então que você nunca tivesse entrado na minha vida, no meu corpo, no meu espirito. Lágrimas roliças despencaram dos meus olhos pingando nos seus; guiada fui pela angústia e num sobressalto te matei, matei meu medo, meu vazio. 
Ainda hoje depois de alguns longos anos de dor e prisão, vejo os lençóis vermelhos, o mesmo tom de vermelho do batom que você dizia ficar lindo em mim... Ainda ouço a sua voz grossa e firme me dizendo sandices, ainda o sinto em meu corpo. São nesses parcos momentos de consciência que percebo que te amo, cada dia me dão mais remédios, cada dia que passa sou menos dona do meu corpo.
Desde a sua morte me internaram em uma casa de saúde mental, que na verdade é apenas mais um lugar de tortura. Um dia poderei me matar, da mesma forma que te matei, e então felizes e vermelhos fumaremos nossos cigarros e nos amaremos por toda eternidade. 

Balanço morena.


No balanço do seu cabelo morena, 
No envolver da sua voz
Qualquer história se tornaria bonita
Se nas suas frases pra mim houvesse a palavra nós.