sábado, 11 de agosto de 2012

Senhora Liberdade.


Agora arde-me a liberdade
Essa ingrata senhora que nos coloca de frente
E nos faz escolher apenas um doce
Apenas um sonho
Apenas um amor
Diante do declínio de ser
Braços abertos para o vazio
A vida é doentia por causa da liberdade
A liberdade foi chamar a morte
Escuto passos abafados pela neve
Manchas de sangue pelas calçadas
Não somos quem queremos ser
A dor de outros caminhos não escolhidos
Refletirá nesse por todo o tilintar do universo
Por um momento tivemos uma vida toda satisfeita
No outro nunca existimos
Talvez eu nunca queira me libertar da solidão.
A liberdade amedronta os homens mais convictos
Eles a dão tantos nomes,
E ainda a usão de brasão
Seres tolos a liberdade é o que vos trucida!
A liberdade é o choro da criança abandonada
A liberdade são todos os mortos por falta de comida
A liberdade é tudo o que fede na politica
A liberdade é música ruim
A liberdade é tudo o que se possa querer
A liberdade é o desejo de um homem ardendo no coração de sua mulher.
A liberdade nos assombra pois nós caro leitor,
Nós somos a liberdade.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Travestindo.

Me diz o que faz sentido? 
Ninguém realmente vê.
Falso moralismo travestido
Vendido em potes de sorrisos
Pobres homens desesperados.
Vou caminhando com minhas atitudes canalhas, 
Canhotas,
Sujas e tortas.
Derivo de um sentimento meio bobo, todo louco.
Meus gestos parecem indignos,
Imóveis
Inatos,
Mas não enxerga você 
Que estes apenas são retratos
Estagnados e móveis
Não me faça de massa de epóxi, 
Moldando uma vez para sempre,
Desconstrua-me diariamente
Seja simples. 

O amargo sentir.


Quero hoje então declarar meu amor.
Todos os dias nos encontramos
E então todo faceiro vem seu cheiro me adentrando,
Você molhando meus lábios
O amargo sentir 
E então triste percebo 
Que por ti até levanto mais cedo.
Mas continuamos aqui tão iguais,
Você me dando satisfação e energia
Acompanhando minhas insonias
E se misturando as minhas lágrimas de vazio.
Pouco importa se está frio ou requentado
Feito a horas distantes ou agora passado
Caminharemos lado a lado
Meu negro sentir da vida
Meu bom e atraente café. 

No sentir.


Garantia ela ter seus neurônios espelhos estragados
Eles eram na verdade lunetas.
Sentia a pobre então de forma expandida
Tudo o que dói
No sentir de outro coração.

Porém mais quente.


Alguns esperam por dinheiro
Outros esperam por amor.
Eu espero pelo meu café
Sem açúcar por favor,
Porém mais quente que o senhor. 

Não quero açúcar.


Mesclando sentimentos
Todos eles em um copo com limão,
Não quero açúcar nem amor nesse poema
Coloco gelo como quem corrige a gramática
E se ainda sim as coisas estiverem ruins
Tire o gelo, o limão e o copo. 

Sobre a mesa.

Em um guardanapo de bar
Mais que seu batom rosa,
Todo o falso moralismo jogado fora.
O gelo facilita a bebida
E a queda das máscaras. 


Sereia indomável.


Amanhã é dia 07,
Apenas mais um número que se repete,
Pra milhares de olhares perdidos no horizonte
Perdidos como os sentimentos.
Nos corações de geladeira
Que há tempos perderam seus olhares
Resta a imaginação
Esta sereia indomável
Que nos leva para o mais profundo de nosso mares.

A sua garota.


Ela se engana achando que tem o controle total nas mãos,
Sonha acordada e sente-se segura do que vê.
Quando o mundo a assusta
Corre e esconde-se debaixo do seu cobertor azul.
Assegura ela que pode ser invisível
Mas tem medo mesmo é de ser abandonada;
Então nesse mar de medos se oculta
Assim não haverá malogros nem desordem
Ela jurou não decepcionar
Porém apenas superficialmente. 

Concepções auditivas.


Despenco da minha suposta realidade
Percebo então assustada 
Que não existia vida.
Assisto estática um quadro,
Um emaranhado de pessoas
Mas meu ser estava destacado de tudo aquilo.
Soa-me uma angustia e um sentimento de invasão, evasão.
Por instantes torno-me o nada
Afirmo a minha existência pela sensação
Sou mais que uma Alice perdida
Faço-me rainha da minha própria criação
Percebo então que sou livre
Porém presa em mim há uma coisa indecifrável.

Domingo laranja azulado.


Lembranças psicoativas na folha de um papel de pão,
Memórias lisérgicas emolduradas em notas 
Proteínas transformadas em som,
Crio quadros onde pessoas vivem
Sem uma suposta conexão com meu ser
No fim o vazio é na verdade amplitude
E a visão deturpada me protege de grandes explanções.