sábado, 29 de outubro de 2011

Profundisse

Cansei de construir amores, criar valores e anseios que como uma máscara tento encaixar nas pessoas.

Quero ser destruída e construída por você. Quando nos permitimos, entramos em uma estrada perigosa. Não quero uma versão melhorada de mim, nem bonificações por assim ser, quero você sabe muito bem, venha comigo dançar nessa roda.

Cansei de intensidades inventadas, cansei-me de toda essa nomeação de valores e sentimentos, que criam vida própria e acabam enganando a sua criadora.

Que fique muito bem explicito: Se não sabe nadar que fique na superfície, não quero prazeres comedidos nem diminutivos sem tesão.Tudo isso faz parte do que sou, se quiser vir venha depressa, tenho planos pro inesperado.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Sobre perfeição:

Não,
Eu não sou a mulher perfeita.
Sou daquelas que dá risada quando ninguém entende a piada,
Anda com uma calça desbotada e um All star furado
Como lasanha e adoro um chocolate.

Eu não sou a mulher perfeita.
Não gosto de vestidos, minhas unhas não são pintadas
Meu cabelo está sempre bagunçado,
O meu rosto fica corado com uma pequena frase pronunciada.

Eu não sou a mulher perfeita.
Sou desencanada e não sou inteligente,
Não entendo de música mas acho o som pertinente,
Não sei cantar mas canto,
Não sei poetizar, mas faço poesia.

Eu não sou a mulher perfeita.
Não tenho uma cintura 36 e não peso menos de 60
Tenho um senso crítico devastador
E um humor sádico.

Eu não sou a mulher perfeita porque meu nome não é manequim.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Sobre inconstância:

Na inconstância de ser o que sou é onde talvez eu mais permaneça.
Não compreendo os que vivem com uma única ideia
E dizem que nunca a mudarão.
Não entendo os que fazem do seu acondicionamento sua completa condição.

Sobre a verdade:

Quisera eu encontrar o verso que me traduz,
Que como uma queda fisesse choro e surpresa.
Um verso estranho, carrasco e duro.
Que transcende de uma forma violenta
Meus sentimentos para com o mundo.




Sobre entregas:

Ao poeta de um só rim, deixo a certeza que eu nunca soube filtrar.
Ao advogado de um só olho, a justiça que nunca pude enxergar.
A assistente social de meio coração, deixo a criança que não soube ajudar,
Aos professores sem sonhos, deixo as poesias que nunca criei
E aos Inconstantes e tristes estudantes deixo uma semente,
Você a recebe nesse instante.

Sobre necessidade:

Pois há quem exalte as lágrimas
E outros que de todas as formas tentam esconde-las.
Pra mim chorar despensa datas e farsas.
O necessário é chorar.
As lágrimas são a nossa chuva
É preciso mudar nosso tempo, desabar.
O necessário é chorar.
Aliviar as nuvens e acabar com a seca dos rostos pálidos
Porque o mais bonito que se pode ver
É um homem transcendendo-se pelos olhos.




Sobre sentir a chuva:

Pingos de chuva oblíquos,
Meus desejos me colocam de frente a eles.
E aquela água fria que parece dar medo
É o que me ampara.
Aquela renda de pingos trás consigo uma melodia.
São as águas de outubro emendando os trincados da minha alma.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Desatino

Um menino me olha de lado, vira-se e num relance me pede:
- Fala-me da dor.
E eu respondo dizendo:
- A dor é a força que rompe a casca do nosso entendimento.
Ele me olha intrigado,
Levanta-se e sai assustado.
Pobre garoto,
Percebe-se que suas lágrimas não molharam suficientemente seu rosto.

Sobre caminhar:

Quando caminho pelas tardes que se findam,
Sinto um cheiro de madeira pelas ruas que caminho.
Quem olha não vê os sonhos que me levam
Quem olha pensa que são as pernas e o vento que me carregam.
Ninguém conhece a substancia que flui em mim,
Ninguém vê nada além do que não era pra de fato ser visto.






Sobre aceitação:

Não adianta aceitar as coisas
sem ter um miníma indagação.
A poeira da penteadeira
É algo além do lembrete do meu descaso
Porém não é uma exceção a tudo mais.
Tudo tem de fato uma razão por mais simples que se mostre.
As vezes as coisas são o que são,
E não há nada mais.

Sobre criar:

Eu como eterna sonhadora
Vivo a edificar castelos de luz,
Porém neles também existem noites.
E são nesses períodos onde a claridade está ausente
Que eu de fato enxergo a realidade,
Um amontoado de coisas e seus sentidos inválidos.